sábado, 31 de julho de 2010


E daqui a vinte anos?

Boa noite, queridos leitores deste humilde blog. Hoje foi um dia de muitas indagações, dúvidas a respeito do porvir. Vejo o presente pensando no futuro. E quando imagino o mundo daqui a alguns anos, eu sinto medo, muito medo.

O vídeo dos fãs da banda restart no show cancelado fez muito sucesso, e eu não deixei de vê-lo. Ri como todo mundo riu. Até então, nunca tinha ouvido falar nessa banda. E mesmo depois do vídeo, não me interessei. Só pelo naipe dos fãs já da pra ter uma noção de como é. Mas depois continuei a ver muito a tal bandinha por ai. Na internet, em sites de humor zoando com os caras, na capa da capricho, onde eu era obrigada a ver todo dia, já que estava em uma das gôndolas de revista do supermercado onde trabalho, enfim. Nunca tinha levado essa bandinha muito a sério, ou, melhor dizendo, nunca tinha parado pra fazer uma análise mais profunda sobre ela. Não me interessava fazer uma pesquisa e baixar uma música deles.
Mas ontem, porém, eu vi uma série de vídeos de um rapaz chamado Felipe Neto. Esta série chama-se “não faz sentido”. É uma série muito interessante por sinal. Discordava de uma coisa ou outra, mas na maioria dos vídeos, via, além do humor, muita lucidez e percepção. E o último vídeo foi justamente o “gente colorida”, que fala das bandinhas emos, incluindo o restart. Como aqui no Rio o movimento emo não tem tanta força como em São Paulo, ainda não pude ver um grupinho grande desse espécime, apenas alguns exemplares exóticos. E ainda não tinha me dado conta do tamanho da tragédia. Não minha gente, eu hoje não consigo encarar esse tema com o Humor do inteligente rapaz do “não faz sentido”. Mas antes de entrar especificamente no assunto, vamos dar fazer uma pequena viagem pelo tempo, e nos lembrar de como era a juventude na época dos nossos pais e avós:

Anos 60. Tempo de turbulências políticas. A guerra fria estava no auge. Guerra no Vietnã, corrida espacial...o comunismo espalhando seus erros pelo mundo...e a juventude estava muito agitava. Começavam os festivais de rock, Woodstock e essas coisas todas. Beatles, Janis Joplin, Jimi Hendrix, The doors e toda uma geração de cantores e bandas de inegável talento. Mas na mesma medida que eram talentosos, eram também devassos, levando uma vida louca, no famoso estilo “sexo, drogas e rock ‘n’ roll”. Como católica, jamais poderei concordar com a vida que eles levaram. Aliás, nem é preciso ser católico pra perceber que esse tipo de vida leva à autodestruição. Três desses cantores morreram antes de completar 30 anos, cada um tendo uma overdose. Janis Joplin deu de cara na escada. Jimi sufocou-se no próprio vômito. Jovens tristes, vazios, que levavam uma vida de prazeres que não os preenchia, mas jovens com muita inteligência e muito talento naquilo que faziam. E é bom lembrar um fato muito importante: Naquela época, a sociedade ainda era muito conservadora (bons tempos!). Quando esse movimento todo surgiu, eles eram os revolucionários, os loucos pioneiros que levariam a sociedade a perceber que aquela sociedade de consumo era errada, que deviam fazer amor em vez de guerra, que deveriam liberar-se de seus moralismos e experimentar o prazer desenfreado... (ah, coitadinhos. Tão inocentes, essas crianças.). Mas um belo dia eles acordaram e viram que toda aquela ideologia era furada e não levava a nada. A vida não é um sonho cor de rosa como eles imaginaram. E estavam completamente errados em quase todas as considerações. Eles quebraram a cara (Janis Joplin, coitada, quebrou a cara literalmente). É uma pena olhar para essa geração e ver no que deu. Jovens tão inteligentes, cheios de vida e ideias...pena que eram ideais, distorcidas, errôneas. Mas não vamos falar nisso agora. Vamos dar uma olhada na próxima geração, a dos anos 70/80.

Agora vamos nos focar mais no Brasil. Tempos de ditadura militar, “repressão, povo oprimido e blá blá blá” . Não gosto de ditaduras, prefiro sempre a democracia, mas antes uma ditadura militar que uma ditadura comunista... (ok Angélica, controle-se. Não vá falar de política agora. Pelo menos não diretamente). O rock invadia as terras tupiniquins. Raul seixas e mutantes. Depois, nos anos 80, a famosa geração de Renato Russo, Cazuza e companhia. Na minha humilde opinião, foi uma geração completamente idiota. Eles não perceberam que aquilo que pregavam e viviam com tanto fervor já havia fracassado duas décadas antes. Continuavam a se drogar, a viver a sexualidade de forma desenfreada, a questionar as leis e a ordem moral sem um motivo, apenas por rebeldia. Eu sei, é normal para a idade. Adolescentes e jovens são assim mesmo. Mas mesmo assim, não consigo ver um sujeito como o cazuza como exemplo, muito longe disso!!! Era um cara mimado, que não admitia seus erros, que fazia todo o tipo de orgia, que mandou a própria mãe tomar no cu. Enfim, um completo idiota. Mas é inegável a beleza de suas letras. Ele tinha uma desenvoltura muito grande para escrever e cantar. Era um artista de verdade. Ele e Renato Russo (embora eu não ache que o Renato tenha sido tão idiota quando o cazuza,mas jamais poderá ser visto como exemplo, ou pelo menos não deveria), são dois ícones da juventude com muito talento. As suas letras, na maioria das vezes, tinham algo de inteligente e bonito pra contar. Tinham conteúdo. E foi assim, até o fim dos anos oitenta. Mas quando entramos nos anos noventa...

É, meus caros leitores! Backstreetboys!!! Lembram deles? Pois é. E não só eles. Space girls, dominó, e mais um bando de porcarias... ( tá certo, nos anos oitenta tinha os menudos, Gretchen e outras coisas. Mas a música de qualidade ainda imperava). Nos anos noventa, porém, vemos uma vertiginosa queda de qualidade musical. Uns bandos de músicas toscas invadiam as nossas rádios. Era tanta porcaria que não me vem na memória nenhuma específica. Mas ainda tínhamos Raimundos e os mamonas, ainda tínhamos os baluartes do samba e da MPB. Tínhamos gratas revelações como Gabriel o Pensador e Los Hermanos. Mas as revelações começaram a ficar escassas. O funk de Claudinho e Buchecha e outros cantores faziam mais sucesso que os nossos poucos bons músicos que ainda restavam, e as novas “revelações” do funk e do melo-pagode ( estou inventando esse termo agora) eram cada vez mais fortes, mais fortes e...pára!!! Pára tudo!! A cor dessa cidade sou eu! O canto dessa cidade é meu...ah!!! O axé!!! As vozes que eclodiam da Bahia invadiam o Brasil inteiro. Devo dizer que as músicas de Daniela Mercury, no início da carreira, eram até maneirinhas de se ouvir e dançar numa festinha. Mas depois o que vemos foi um festival de putarias e nada mais As nossas mães achavam uma gracinha verem seus filhinhos dançando na boca da garrafa.. E a mesma coisa com o fanqui (funk é James Brown!): Começou com Claudinho e Buchecha com coisas mais leves, até desembocar na lacraia, no bonde do Tigrão e na dança da motinha. Sem contar os ditos “proibidões”, músicas com apologia ao tráfico. Isso já no início dos anos 2000 . Putz!!! É o fundo do poço!!! Mas cavaram mais um pouco e descobriram que o buraco era mais embaixo.

As revelações sumiram de vez. Um ou outro cantor mediano aparecia de vez em quando na mídia. Mas não se via nada de extraordinário, ou nada de original. Apenas copiavam as fórmulas já inventadas pelos dinossauros da música. Mas tudo bem. Nada se cria, tudo se copia... o cenário da MPB era triste. O do samba, idem. O fanqui já dominava completamente as rádios e os mp3’s da maioria dos jovens. Eles só queriam ir pro baile beber até cair e transar com o máximo de pessoas possíveis, em orgias de dar inveja ao pessoal das décadas anteriores. Mas... apesar desse lixo todo invadir a mente dessa geração, o rock ainda era intocado. Embora bem fraco no Brasil, continuava com o espírito contestador e revolucionário. Mesmo aparecendo bandas de qualidade visivelmente inferior, ainda podíamos dizer que aquilo era rock. Mas apareceu uma banda chamada CPM22,que eu não simpatizava nem um pouco. Letras melosas e piegas demais. E eu entendo o porquê. CPM22 era uma banda proto-emo. E o improvável aconteceu. Não sei de que forma. Depois vou pesquisar melhor pra saber como surgiu. Mas agora quero analisar somente o fato: chegamos no fundo do posso. Mesmo. O “estilo” emo veio com toda a força. rock foi contaminado. Isso mesmo!! Ou melhor: isso nunca foi nem será rock. Mas essas bandas coloridas se auto proclamaram bandas de rock!!! Um bando de viadinhos vestindo calças laranjas, blusas verdes e aquelas franjas ridículas. Ai... e ontem eu resolvi baixar três músicas do restart. E quando eu ouvi aquilo, a minha primeira reação foi querer me jogar pela janela. Não!!!!!! Que merda!!!! Merda ao quadrado!! Merda ao cubo!!!!! Aquilo é muito ruim!!! É um atentado aos ouvidos de qualquer pessoa com um pingo de inteligência e bom gosto!!!

Eu não sei como chegamos nessa situação. Mas eu senti uma profunda tristeza e um sentimento de desesperança muito grande. Vendo toda a história recente da juventude, dos anos 60 até aqui, eu fico completamente desiludida. A geração dos anos 60 foi a primeira a conhecer o fracasso de suas idéias. Mas tinham talento e inteligência. E pra fazer aquelas loucuras todas, tinham que estar com muito LSD na cabeça. A geração 70/80 já encarava a promiscuidade com mais naturalidade, mas também eram igualmente inteligentes e talentosos. Do final dos anos 90 até a metade do novo milênio, achávamos que havíamos chegado no fundo do poço. Com fanqui, axé, melo pagode. Mas não prevíamos que as guitarras fossem ser tocadas por gente tão burra e sem talento. E nem imaginávamos que houvesse gente ainda mais burra e sem noção que ouvisse isso. Os rockeiros-me refiro aos verdadeiros- sempre vistos como revolucionários, começaram a reagir contra essa onda colorida. Isso mesmo!!! Os rockeiros estão se tornando reacionários!!! Céus!!! É o fim do mundo!! Os outrora rebeldes estão se tornando conservadores e clamando que o bom e velho rock ‘n’ roll seja salvo dessa onda colorida!!! Sério, isso dá muito medo.
Eu fico pensando o que se passa na cabeça desses jovens. E às vezes penso que não passa nada. Mas enfim. Eu vou ser sincera: acho que a minha geração é uma geração perdida. Muito pior que as gerações passadas. O grau de idiotice chegou ao ápice.

E daqui a vinte anos??

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